terça-feira, 21 de julho de 2009

Síndrome Alimentar Noturna - 3ª edição

A Síndrome Alimentar Noturna (SAN) foi descrita pela primeira vez na década de 50 e é caracterizada por um aumento da ingestão alimentar após as 19 horas, concentrando um total do percentual diário ingerido após este horário em algo em torno de 50%. E para isso, há episódios de hiperfagia[1] entre o horário do jantar e o início do sono e/ou episódios de ingestão alimentar durante despertares do sono com consciência total para as escolhas dos alimentos. Não há associação com sonambulismo, pois a pessoa está consciente do que está fazendo. O indivíduo desperta de manhã sem fome e queixa-se de um sono não reparador, apresentando sintomas como fadiga, sonolência, dor de cabeça, irritabilidade, oscilação do humor, atenção, concentração e rendimento profissional prejudicados.

Além disso, pela ingestão alimentar aumentada em uma hora inapropriada, ocorre ganho de peso e as consequências associadas como: hipertensão arterial, diabetes e aumento da gordura no sangue. E a maior consequência é o sofrimento psíquico que caracteriza-se por tristeza e angústia, por não conseguir manter um bom padrão de sono e não conseguir evitar os episódios de lanches noturnos.

A prevalência dessa síndrome está em 1,5% da população geral, podendo atingir 8% na população de obesos. A prevalência aumenta quanto maior o grau de obesidade, chegando a atingir até 27% entre obesos de grau III. As mulheres são mais afetadas na proporção de 2:1, e a idade média do início dos sintomas está entre 20 e 30 anos.

A relação entre sono e apetite sugere que uma atenção especial deve-se ao hipotálamo[2]. Um papel de importância é dado à dopamina[3] em razão de seus efeitos sobre a liberação do nucleus acumbens (NAC) – região do cérebro que é ativada por estímulos motivacionais (ingestão alimentar) que induzem e fortalecem um efeito em busca de recompensa. Mesmo pequenas quantidades de comida podem aumentar a liberação de dopamina no NAC, facilitando que se atinjam os efeitos de gratificação e desenvolva-se em alguns indivíduos uma excessiva motivação direcionada para o consumo alimentar.

Um estudo de avaliação neuroendócrina demonstrou alterações no ritmo circadiano de liberação de melatonina (indutor de sono), leptina (promotor de saciedade) e cortisol (envolvido na resposta ao estresse) em pacientes com comportamento alimentar noturno. Os níveis noturnos de melatonina e leptina estavam abaixo do esperado e os níveis de cortisol elevados. Estas alterações podem justificar o desejo por alimentos hipercalóricos.

Dessa forma o tratamento medicamentoso dessa síndrome é imprescindível, de forma a tentar evitar consequências danosas à saúde como a obesidade.

[1] Hiperfagia - é um sinal médico que significa fome excessiva e ingestão anormalmente alta de sólidos pela boca

[2] Hipotálamo - é uma região do cérebro (tamanho aproximado ao de uma amêndoa) tendo como função regular determinados processos metabólicos e outras atividades autônomas.

[3] Dopamina - é um neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina. Tem como função a atividade estimulante do sistema nervoso central.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Portal GHM Produções em novo endereço a partir de fevereiro