terça-feira, 28 de julho de 2009

Gordura Trans - Por que fazem mal à saúde? edição 4

O que são?

São ácidos graxos insaturados (um tipo de gordura ruim) produzidos num processo industrial que transforma óleos de origem vegetal em gordura semi-sólida para uso em margarinas, processamento e preparo industrial de alimentos. Isso é feito através de um processo chamado hidrogenação da gordura. Assim, óleos parcialmente hidrogenados originam gordura trans. O objetivo é fazer o óleo se tornar sólido, o que facilita o manuseio, aumenta o “tempo de estoque em prateleira” e confere à gordura gosto, e textura agradável (palatabilidade).

Onde estão?

Alimentos que apresentam gorduras trans são, portanto as frituras ou alimentos que utilizam este tipo de óleo em seu processamento, como as batatas fritas, pipocas de microondas, bolachas recheadas, biscoitos, sanduíches de fast food, cookies, brownies, cremes de confeitaria, nuggets, pizzas, frituras em geral, sorvetes, bolos e tortas. Enfim, depende fundamentalmente do tipo de gordura que é utilizado no preparo de cada um dos alimentos.

Quais são os riscos para a saúde?

Diversos estudos comprovam que o consumo da gordura trans aumenta o nível do LDL (colesterol ruim) e diminui os níveis do HDL (colesterol bom), além de aumentar os níveis de triglicérides no sangue. Aumenta ainda o risco de aterogênese, doença cardiovascular e diabetes.

O destino da gordura trans no corpo é o abdome. A gordura trans favorece a formação de tecido adiposo na região abdominal, sendo que o peso extra fica todo concentrado nessa região. Ou seja, a gordura trans é estocada no organismo sob a forma de gordura visceral, que é a mais perigosa por ser desencadeadora da Síndrome Metabólica (doença que cursa com aumento de gordura no sangue, risco aumentado de diabetes e hipertensão arterial).

Nesse sentido a consequência de seu uso exagerado é tão prejudicial quanto o uso de gorduras saturadas, aquelas gorduras sólidas que estão presentes na manteiga, na pele do frango, ou na gordura em volta da picanha.

Consumo diário

Mundialmente, a Academia Americana de Cardiologia, a Academia Americana de Nutricionista, a Sociedade Brasileira de Nutrição, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Pediatria, recomendam que o consumo diário de gordura trans seja limitado a no máximo, 1% das calorias totais provenientes de todas as gorduras.

No Brasil, a ANVISA obriga que a quantidade de gordura trans nos alimentos industrializados esteja descrita no rótulo, em gramas. Quantidades menores que 1% não necessitam ser relatadas nos rótulos. Segundo resolução da ANVISA RDC n. 360, de 23 de dezembro de 2003 (D.O.U. de 26/12/2003), valores de gordura trans abaixo de 0,2g não precisam ser descritos.

Para se ter idéia, segundo os rótulos, biscoitos recheados, em duas unidades (30g) possuem 1,5g de gordura trans que é pelo menos duas vezes e meia o que deve ser ingerido por uma criança e uma vez e meia o que deve ser ingerido por um adulto por dia.

Conscientização

É em função desse conhecimento que a conscientização mundial já é grande, quanto à necessidade de controle do consumo de gorduras, especialmente a trans, sendo que a Organização Mundial de Saúde define a obesidade como a maior epidemia do mundo, em termos de saúde pública. Por isso, indústrias alimentícias iniciaram um movimento, há quase cinco anos, em alguns países desenvolvidos, onde a conscientização é maior, tentando se adaptar às novas recomendações de hábitos alimentares saudáveis.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Síndrome Alimentar Noturna - 3ª edição

A Síndrome Alimentar Noturna (SAN) foi descrita pela primeira vez na década de 50 e é caracterizada por um aumento da ingestão alimentar após as 19 horas, concentrando um total do percentual diário ingerido após este horário em algo em torno de 50%. E para isso, há episódios de hiperfagia[1] entre o horário do jantar e o início do sono e/ou episódios de ingestão alimentar durante despertares do sono com consciência total para as escolhas dos alimentos. Não há associação com sonambulismo, pois a pessoa está consciente do que está fazendo. O indivíduo desperta de manhã sem fome e queixa-se de um sono não reparador, apresentando sintomas como fadiga, sonolência, dor de cabeça, irritabilidade, oscilação do humor, atenção, concentração e rendimento profissional prejudicados.

Além disso, pela ingestão alimentar aumentada em uma hora inapropriada, ocorre ganho de peso e as consequências associadas como: hipertensão arterial, diabetes e aumento da gordura no sangue. E a maior consequência é o sofrimento psíquico que caracteriza-se por tristeza e angústia, por não conseguir manter um bom padrão de sono e não conseguir evitar os episódios de lanches noturnos.

A prevalência dessa síndrome está em 1,5% da população geral, podendo atingir 8% na população de obesos. A prevalência aumenta quanto maior o grau de obesidade, chegando a atingir até 27% entre obesos de grau III. As mulheres são mais afetadas na proporção de 2:1, e a idade média do início dos sintomas está entre 20 e 30 anos.

A relação entre sono e apetite sugere que uma atenção especial deve-se ao hipotálamo[2]. Um papel de importância é dado à dopamina[3] em razão de seus efeitos sobre a liberação do nucleus acumbens (NAC) – região do cérebro que é ativada por estímulos motivacionais (ingestão alimentar) que induzem e fortalecem um efeito em busca de recompensa. Mesmo pequenas quantidades de comida podem aumentar a liberação de dopamina no NAC, facilitando que se atinjam os efeitos de gratificação e desenvolva-se em alguns indivíduos uma excessiva motivação direcionada para o consumo alimentar.

Um estudo de avaliação neuroendócrina demonstrou alterações no ritmo circadiano de liberação de melatonina (indutor de sono), leptina (promotor de saciedade) e cortisol (envolvido na resposta ao estresse) em pacientes com comportamento alimentar noturno. Os níveis noturnos de melatonina e leptina estavam abaixo do esperado e os níveis de cortisol elevados. Estas alterações podem justificar o desejo por alimentos hipercalóricos.

Dessa forma o tratamento medicamentoso dessa síndrome é imprescindível, de forma a tentar evitar consequências danosas à saúde como a obesidade.

[1] Hiperfagia - é um sinal médico que significa fome excessiva e ingestão anormalmente alta de sólidos pela boca

[2] Hipotálamo - é uma região do cérebro (tamanho aproximado ao de uma amêndoa) tendo como função regular determinados processos metabólicos e outras atividades autônomas.

[3] Dopamina - é um neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina. Tem como função a atividade estimulante do sistema nervoso central.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Licopeno e sua importância na Saúde - edição 2

O tomate é um ingrediente básico do molho bolonhesa, do ketchup e do coquetel Bloody Mary; é nativo do México e da América Central, e integrava o cardápio dos incas e astecas já em 700 a.C. Acredita-se que Cristóvão Colombo, após sua segunda viagem ao Novo Mundo, teria levado sementes do fruto para a Europa, onde começou a ser cultivado com intuito ornamental.

Sua primeira citação na literatura científica ocorre em 1544, no tratado do botânico italiano Pietro Andrea Mattioli. Foi ele quem batizou o tomate de pomo d’oro, ou maçã de ouro.

De formas, tamanhos e cores diversas, as mais de mil variedades existentes de tomate são responsáveis por um aporte significativo de nutrientes para populações de várias regiões do planeta e contribui para isso o fato de serem encontrados durante o ano inteiro. No Brasil, por exemplo, dados da Pesquisa de Orçamentos familiares de 2002-2003 registram o consumo de 5 kg de tomate per capita por ano.

As virtudes nutricionais do tomate estão relacionadas às suas concentrações de flavonóides [grupo de compostos químicos encontrados naturalmente em certas frutas, vegetais, chás, vinhos, nozes, sementes e raízes] e ao fato de ele ser uma boa fonte de vitamina A e excelente de vitamina C. E é a presença em grande quantidade de Licopeno, que mais atenção desperta recentemente.

O Licopeno é um pigmento natural da família dos carotenóides [grupo de pigmentos solúveis em gordura. Eles dão as cores vermelha, laranja e amarela aos alimentos], que não é produzido no corpo humano. Cerca de 85% do licopeno da dieta provém do tomate maduro. Em menor quantidade, ele está presente em frutas como melancia, mamão, goiaba vermelha e a pitanga.

O aquecimento e processamento do tomate aumentam a biodisponibilidade de licopeno em razão de sua maior liberação da matriz do alimento. Deste modo, o molho e o purê de tomate são tidos como melhores fontes do que o tomate cru. A ingestão concomitante do tomate com o azeite de oliva extra-virgem aumenta a atividade anti-oxidante do licopeno.

Sua quantidade em tomates frescos varia, dependendo de fatores como época da colheita, local de plantio e da técnica para sua quantificação. Os valores, em geral, estão entre 2mg e 20mg/100mg de tomate. Não há consenso na literatura sobre sua ingestão ideal, que oscila de 4mg/dia a 35mg/dia.

Nos últimos anos, a estabelecida atividade antioxidante desse carotenóide tem estimulado um crescente número de pesquisas que avaliam seu papel na promoção da saúde e na prevenção de doenças metabólicas, inflamatórias, neoplásicas e imunológicas.

Dessa forma, ninguém deve excluir o tomate da lista de compras, e a recomendação é que as pessoas consumam diariamente uma grande variedade de frutas e vegetais – incluindo o tomate.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Nutrologia e o médico Nutrólogo – edição nº 1

A Nutrologia é a especialidade da medicina que estuda a nutrição normal do ponto de vista médico, além de estudar a etiologia, a fisiopatologia, o diagnóstico e o tratamento das doenças nutricionais relacionadas a nutrientes. É importante salientar que o objetivo do médico nutrólogo é garantir uma nutrição saudável a todas as pessoas, e todos sabem que somente o profissional médico é quem pode diagnosticar e tratar uma doença e dessa forma, o médico nutrólogo está capacitado a proporcionar tanto o tratamento medicamentoso quanto o dietético.

A Nutrologia, como especialidade médica, cuida tanto das doenças resultantes de um mau suprimento nutricional quanto da falta, excesso ou utilização inadequada dos nutrientes dos alimentos. Com isso deve ficar claro que a Nutrologia cuida não só dos quadros carenciais clássicos, como escorbuto, beribéri, pelagra, etc., como também da obesidade e das suas consequências. Ocupa-se ainda da prevenção e tratamento das mais sérias doenças crônicas degenerativas prevalentes neste século, como as cardiovasculares, a hipertensão, o diabetes e até certas formas de câncer. Trata também das dislipidemias (distúrbios do colesterol nas doenças vasculares, ou do cálcio e de outros nutrientes, na osteoporose).

Além disso, a Nutrologia permite que haja uma abordagem multidisciplinar com outras especialidades médicas (endocrinologia, cardiologia, pneumologia, nefrologia, gastroenterologia, pediatria, cirurgia, medicina esportiva etc.) e outros profissionais ligados à área da saúde, dentre os quais destacamos: bioquímicos, enfermeiros, educadores físicos, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, visando o bem-estar e à saúde de todos os pacientes.

Dra Márcia Alexandra Martins
Médica Nutróloga e Psiquiatra - CRM/MS 3625
Portal GHM Produções em novo endereço a partir de fevereiro